Monday, June 18, 2012

como morrem as borboletas?
   talvez voando ao vento
          ou pausadas
        sob o amarelo
         azul violeta...
       ou simplesmente
     borboletas distraidas
     destruidas pelo vento
     o ultimo voo vencidas
com sorte sobre a margarida
   
(de noct lux) e.g.

                   

Friday, June 01, 2012

agua









































“A agua e os sonhos”

A poética  das imagens, aqui ,se nutre da água, ativa e dinâmica.  

A água, agrupando as imagens, dissolvendo as substâncias, desobjetiva, assimila e propõe uma sintaxe: A ligação, e o  suave movimento das imagens,  libera o devaneio preso aos objetos . A água acolhe, tem corpo e voz, é uma realidade poética completa, é unidade.
As imagens são ativas e dinâmicas,  atuam no instante inesperado, devaneio material das substâncias orgânicas, em seu espelho, por seus reflexos duplica o mundo e as coisas, a liberdade visual o núcleo onírico destacado do realismo estático, a contemplação profunda pode ser vivida e sentida com acuidade.
Como diz Gaston
Bachelard:
“A imaginação, aqui, não é a faculdade de formar imagens da realidade, é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade” - abrir olhos, ter visões ativas - sendo assim estão distantes de um psicologismo fragmentado, atuam no instante inesperado. A água  se torna um suporte de imagens que se materializam; lente e espelho e atingem as profundezas e se torna imaginação material, imagens carregadas de uma matéria onírica e densa.
Como se vê estamos trabalhando no eixo da “imaginação materialista”, onde toda imagem possível provém da matéria, assim uma gota d’agua, apenas uma gota d’agua vivida em profundidade pode criar, um mundo, do sonhador e em seguida diluí-lo, mas com o mesmo poder de leva-lo a estados de espírito material outros, a água assim dinamizada  é um embrião; da à vida um impulso inesgotável.
“O indivíduo não é a soma de suas impressões gerais, e´a soma de suas impressões singulares”(1)  aqui está explícita a fenomenologia, investigação filosófica que afirma a importância dos fenômenos subjetivos estudados em si mesmo(2),  distante do racionalismo ativo, do racionalismo crescente da ciência contemporânea. É necessário estar presente  na imagem no minuto da imagem, no gelo do instante, no clic, adesão total a uma imagem isolada no próprio extase da novidade da imagem, sem pscologisar, sem passado ou futuro . Como diz René Huyghe(3) “a vida interior alimenta-se da visualidade”,
Estão aqui reunidas algumas imagens poéticas do espaço feliz, onde se juntam exterior e intimidade, onde tais fragmentos nos revelam um espaço poético que caminha e revela os sentidos.
Em algumas imagens temos uma água morta, onde entram os esgotos, mas mesmo assim, cheia de vida, apesar de contraditório essa água dormente oferece uma melancolia sonhadora e calma, todos nós quando sentamos às margens de um igapó vivenciamos um devaneio profundo sentido na carne, nos órgãos.
A água bebe e engole as sombras, assim como os reflexos; a água tem memória,quando evapora carrega essa memória que, vem desde sua nascente até seu deságue, a água também morre, aqui se encontra no máximo de sua densidade, na sua estrutura interna,  e no seu infortúnio, mesmo essa água dormente tem vida , é matéria fundamental para uma subjetividade que se encontra presente no instante do agora, um olhar atento a essa substância líquida, lúdica e rica encontra na lâmina e fundo das águas, camadas de profundidade, mundos, visões.

           (1) -  Gaston  Bachelard – em a água e os sonhos .               
(2) - fenomenologia – investigação  filosófica fundada por Husserl , afirma a importância dos fenômenos da consciência , os                     quais devem ser estudados em sí mesmos., idealizador de uma filosofia descritiva da experiência subjetiva.  O filósofo Gaston Bachelard  é a expressão máxima da filosofia da fenomenologia contemorânea.